CARTILHA DISCRIMINATÓRIA E BÉLICA DO MPLA

O MPLA já não consegue esconder a cor de sangue de uma cartilha bélica, que os seus “comenbajús” destilam na comunicação social pública, partidarizada, cúmplice nas balas assassinas, disparadas contra os adversários políticos.

Por William Tonet

O país está à beira de incendiar. Os irresponsáveis, autênticos patetas fanáticos, receberam carta-branca para aumentar a boçalidade bélica e destilar a linguagem fascista na mídia vampira, inspirados numa cartilha vermelha, cor de sangue de inocentes assassinados.

Nos últimos dias, assiste-se ao crescendo de ondas de violência da milícia “EMEPELIANA” a multiplicar acções de agressões e destruições, com a cumplicidade dos órgãos governamentais e policiais. Desgraçadamente…

“Eles visam a UNITA. Atacam, como milícias organizadas. Como lobos, sem uivar, na calada da noite e de dia, sob a protecção criminosa da Polícia Nacional do MPLA”, afirma Gervásio Manuel.

Os órgãos de soberania, não podem continuar afunilados na cegueira ideológica de uma força política, que vê o país como sua propriedade privada.

Daí a UNITA, não hesitar em acusar as milícias do MPLA de atacarem, deliberadamente, mostrando impunidade e mobilização, para subverter o clima político, já por si precário, por falta de exemplos do andar de cima.

No dia 11 de Junho, num novo ataque das milícias pagas com dinheiro público, voltaram a aguçar as unhas, atacando uma delegação da UNITA, causando ferimentos leves e graves (dois membros), novamente, no município da Galanga, província do Huambo, onde se deslocavam em missão de constatação do estado de saúde de militantes e dos bens patrimoniais, atingidos no dia 30 de Maio.

Emanuel Bianco, assessor do grupo parlamentar da UNITA, disse que a visita “não parece ter sido um acto isolado de gente voluntária, porquanto foi previamente comunicada ao Governador, todavia o mesmo não assumiu a responsabilidade de garantir e assegurar condições de segurança”.

“É estranho que após o anúncio da nossa visita, tenha havido uma tentativa de limitação do acesso ao município, com a destruição parcial de uma ponte. Autêntica acção de vandalização de bem e património público, punível nos termos da Lei”.

Mais estranho ainda é ler textos incendiários e falaciosos de Celso Malavoloneke incitando o tribalismo, discriminação e ódio, contra a própria tribo (Ovimbundu), para “branquear” a boçal agressão das milícias do MPLA, no município de Galanga-Huambo, contra a caravana de deputados da UNITA, chefiada por Apolo Yakuvela, no dia 30 de Maio.

“A UNITA tem que encontrar forma de se reconciliar com o povo da Galanga. Eles não esquecem o que lhes fizeram. À força não vai dar”, assevera o comunicólogo do Kunene, nesta linguagem de baixo coturno, esquecendo-se de colocar no outro prato da balança o que vem fazendo ao longo dos 50 anos, o seu actual regime.

Defender o absurdo apenas em nome das mordomias, quando os factos são notórios e atentam contra a vida de outros cidadãos é confrangedor e inconcebível.

Depois de 23 anos do calar das armas, da morte em combate de Jonas Savimbi, da assinatura de um acordo de cessar fogo entre as FALA (UNITA) e FA(PL)A (MPLA), da desmilitarização total e completa dos militares da UNITA, o partido no poder, não abandona o viés “bélico-vampirista”…

O regime incapaz de tapar o sol com a peneira dada a caótica situação sócio-económica do país, assolado pela fome e miséria impostas politicamente, a maioria dos 20 milhões de pobres, os “comentbajus” do regime aguçam a linguagem fascista, como no ontem de regime de partido único e, hoje de único partido, com a cumplicidade espúria da comunicação social pública-partiodocrata.

Todos que pensem diferente da bússola “ditatorial fascista”, são considerados “inimigos”, a torturar, prender, fuzilar em pelotão ou “assassinar sem julgamento”. Fórmula hitleriana, para esconder os mais baixos patamares de desenvolvimento social do país, ao longo de 50 anos.

O melhor que o regime apresenta é a incompetência, má-gestão, roubo, corrupção, políticas de terror, tortura, fraude e o império do medo, através de milícias, disfarçadas em defesa civil, turma do apito, defensores das populações, autênticos grupos fundamentalistas ao serviço da ideologia do crime organizado, que age contra os adversários políticos e amantes das liberdades e democracia, com a lei da bala.

Os “Xizados” (marcados), selectivamente, para desaparecer do mapa-vida, são alvo de assassinatos de carácter ou físico, contando com as impressões digitais de “carrascos selvagens”, das secretas, formados em direito e, fundamentalmente, a legião de “intelebajus”, cativos na comunicação social pública e privada partidocrata.

Infelizmente, eles defendem um direito distante do “bem maior: vida”, da lei e da Constituição atípica (pese, aprovada exclusivamente, pelo MPLA).

Os ataques macabros, engendrados comprovadamente, por milícias do MPLA, pagas por funcionários públicos, alegadamente, a mando do governador provincial do Huambo, para assassinar deputados da UNITA, no 30 de Maio e, depois, em 11 de Junho, em Galanga é indefensável…

“O objectivo dos atacantes era mesmo o de nos eliminar, por motivações políticas. O MPLA quer empurrar o país para uma nova guerra, com estas constantes e permanentes provocações e ataques assassinos”, disse em exclusivo ao Folha 8, o general Apolo, adiantando que com isso o regime visa esconder a sua incompetência e má-gestão.

“Nunca foi o povo da região que se mobilizou para se atirar contra nós. Vivem lá muitos militantes da UNITA, logo não faz sentido a retórica falaciosa dos apoiantes da ditadura e da guerra”.

As linhas-mestras da cartilha, pese a propaganda revisionista, divisionista, fascista e ditatorial pode causar danos imprevisíveis ao tecido social.

Bali Chionga ao abordar as páginas 2 e 3 da cartilha, desculpando os actos das milícias em Galanga, demonstra infantilidade verbal, digna de tratamento psiquiátrico, ao afirmar mais coisa menos coisa: “a agressão deveu-se a ajustes de contas, pelo passado triturador contra as populações, por parte das tropas guerrilheiras da UNITA”.

Estranha visão macabra e incendiária, antecedida, na MFM por declarações dos cartilheiros-mor, António Paulo, Milonga Bernardo e Joaquim Jaime José de os ataques de tentativa de homicídio serem actos de retaliação dos aldeões contra os crimes cometidos no período de guerra pela UNITA. Vindo de juristas e do presidente de uma Comissão parlamentar (AP) é criminosa e denota cumplicidade. Mais porca é a alusão de a UNITA não ter acatado orientações do militante comandante da Polícia do MPLA, para “cidadãos estranhos ao partido no poder, não viajarem para a região”.

Existe livre circulação ou não? Existem regiões exclusivas do MPLA? Escabroso vindo de juristas, ao interpretarem a cartilha que manda esfolar e assassinar adversários.

Na guerra as armas e canhões do MPLA distribuíam chocolates e rebuçados, fartura, educação e saúde, que deixam marcas de saudade, porque tendo a UNITA acabado com a guerra, o Executivo do MPLA, já não consegue dar o mesmo nível de vida do 1.º mundo?

Uma guerra deixa sequelas dos dois lados, mas se quisermos contabilizar quem mais os cometeu, a lista compromete.

Desde que o MPLA assumiu, em 1975, o controlo absoluto do país, que inaugurou a barbárie.

O fuzilamento no campo da Académica do Ambrizete do comandante do 4 de Fevereiro, Virgílio Sotto Mayor, os de Nito Alves, Zé Van-Dúnem e mais 80 mil jovens, bárbara e cruelmente assassinados, fora do justo processo legal, por Agostinho Neto ter, imperialmente, assumido: “não vamos perder tempo com julgamentos”. Seguiram-se a Sexta-Feira sangrenta, que assassinou centenas de Bakongos e o Genocídio de Kafunfu, 158 cidadãos Tshokwes.

Os assassinatos do Comandante Adão da Silva, do deputado e fundador do PDP-ANA, Mfulumpinga Landu Victor, do jovem manifestante, estudante de engenharia, Inocêncio de Matos, do pioneiro, Rufino António, de Hilbert Ganga, do médico Sílvio Andrade Dala, do professor universitário, Laurindo Vieira, de Enoc Mbango, as centenas na 6.ª Feira sangrenta, o genocídio de Kafunfu, Joana Cafrique, Raquel Kalupe, entre outros.

Nessa lógica dos cartilheiros, os sobreviventes, órfãos destas milhares de vítimas poderão fazer, doravante, o mesmo que as milícias do regime, sempre que e quando se cruzarem com um dirigente, deputado, ministro do MPLA… É isso senhores defensores da barbárie? Ou apenas mera sacanagem?

Na verdade, a falta de condenação contundente da comunidade internacional, do Tribunal Penal Internacional ao genocídio de 1977, tem levado os extremistas sanguinários do MPLA, a não abandonarem os carris da guerra e morte.

É preciso que gentalha com linguagem sacana seja capaz de “recauchutar” comportamentos sanguinários e ter mais higiene intelectual, pois o cérebro não pode andar 50 anos ligado ao intestino grosso…

Exultar a tortura, prisões e assassinatos de todos quantos apenas queiram evocar a liberdade de expressão, reunião, manifestação, transparência e democracia é defender as teses sionistas, nazistas e fascistas de extermínio dos povos.

Mas todo o poder e respectivos serviçais têm um tempo, porque o tempo da imprevisibilidade, navega, apenas, nos ponteiros, dos “patrões famintos e miseráveis”, um tempo onde da fraqueza dos “espoliados” emerge uma força gigante capaz de desalojar os empregados arrogantes que se aboletam das riquezas de todos.

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